terça-feira, 4 de maio de 2010

Cá-a a Boca 35 - Tudo pelo o que é da Juju

Depois dos Acontecimentos de “A Juju vai para o Oeste”

Bruno é mulherengo, Filipa é sarrafeira, Serafim é desonesto, Ivan continua a ser índio e a Juju está marreca.
Um homem vai todo lançado, montado no seu cavalo alugado, a galopar o mais rápido possível para fora de Chesterfield City. Depois de algum tempo a galopar, chega finalmente ao seu destino...

1951,Tribo dos Embaló, dia 6 de Julho, 9:00
Avista ao longe os tipis daquela aldeia, e claro, sem saber que estava a ser vigiado, é preso por índios. De seguida é enviado ao grande Chefe Papa Azeitona, para ditar a sua sentença:
- Teu Escalpe, vai decorar meu tipi – diz Ivan satisfeito.
O Homenzito começa aos gritos, a implorar misericórdia...tão ingénuo. Mas, naquele clima de terror para um e alegria para muitos, chega, armado em justiceiro, Bruno:
- NÃO!! – grita de braços no ar – Irmãos Peles Vermelhas não tirar escalpe a cara-pálida, pois cara-pálida ser amigo.
- Ohhh – suspiram todos, soltando o Homem.
- Más noticias tó? – pergunta o Bruno.
O homem vai para responder mas é interrompido por Serafim, que aparece curioso:
- O que se passa?
- O Patrão morreu... – diz o homem apelidado de Tó.
- Quem o matou? – pergunta Bruno chocado, tirando o chapéu da cabeça.
- A Disfarçada... – diz Tó baixando a cabeça.
- Quem é que morreu? – pergunta Serafim
- O Duarte...foi assassinado pela Disfarçada...
- Como? Ele era invencível!
- Tinha um ponto fraco, a orelha direita...mas Zé, ele conseguiu matar ou menos a Rita? – pergunta Bruno ao homem que agora chama-se Zé.
- Sim, desafiou-a para um duelo, matou-a e depois a Disfarçada assassinou-o...
- Sacana! – diz Bruno, enquanto uma lágrima vem ao seu olho. – Xô lágrima!
- Trouxe isto – o agora Zé tira um pano do bolso e dá ao Bruno, que por sua vez desembrulha e tira o que lá estava embrulhado, um cigarro, o cigarro do Duarte, e dá o pano ao Serafim.
- Para mim? - pergunta Serafim feliz
Bruno ignora-o e diz: - Obrigado Abel, o que vais fazer agora?
- Bom... – diz o homem que agora chama-se Abel – para ser sincero...não sei.
- Fica connosco pá...nós também não sabemos o que vamos fazer, mas por agora, vamos prestar homenagem ao Duarte. – termina Bruno.
Foram então enterrar o cigarro do Duarte, disseram palavras bonitas, e depois, foram para a borga, porque a vida não é só tristeza, também é água-de-fogo e cachimbo da paz.
Anoitece...e uma vez mais, estava a Disfarçada a observar do monte, acompanhada pelos os seus coiotes, o Pedro e a Maria, que estavam entretidos um com o outro.
Bruno e Serafim estão à volta da fogueira, a falar sobre a vida quando...de repente...aparece das sombras... Juju Sahêmé.
- Olá...lembram-se de mim – pergunta Juju baixinho, toda suja, com bigode por fazer, a cheirar a bisonte, e claro, marreca.
- JUJU!! – exclamam Bruno e Serafim.
- Chiu...falem mais baixo, a Disfarçada está a observar-nos lá em cima.
- Morreu? – pergunta Serafim olhando para o céu estrelado.
- Não anormal, ali... naquele monte...
Eles olham, Bruno nada vê, por estar escuro, mas Serafim, usa a sua visão supersónica e vê-a, até podia descrever como está vestida, por ter uma visão tão potente.
- O que fazes aqui? – pergunta Serafim – endireita-te pá!
- Vim pedir-vos ajuda...
- Para quê?
- Para irmos buscar o meu tesouro e fugirmos daqui...
- Porque é que queres dividir o tesouro? Sabes...isso vindo de ti, não parece ser de confiança, afinal, tu és conhecida pelos golpes sujos – diz Bruno suspeitando.
- Eu prometo que não faço golpes sujos... – diz Juju – e preciso de vocês porque é muito tesouro, e dividir não faz mal, os meus pais ensinaram-me a partilhar.
- Aldrabona – diz Serafim baixinho
- O quê? – diz Juju.
- Nada, nada...
- Vá...anda lá Serafim, vamos divertir-nos à grande, é mesmo uma grande fortuna.
- Não sei Serafim, se deviamos ir, sinto-me tentado... – diz Bruno prestes a cair na tentação.
- Hum...como arranjas-te este tesouro? – pergunta Serafim.
- Foi à muito tempo, mesmo muito tempo...acho que tu eras o único que não estava lá...
- Pois é...não estavas lá – diz Bruno – eu lembro-me!
- Tu estavas? – pergunta a Juju.
- Sim, tu roubas...
- AHH...cala-te – diz Juju tapando a boca do Bruno – então, o que dizes meu xux...digo, Serafim?
- Hum...
De repente, aparece Ivan:
- Hau irmãos pálidos! Pensar que isto ser Hotel? Vocês só trazer cá estrangeiros.
- Perdoai-nos grande Sachem, nós compensar tu com ouro, que dizes? – diz Bruno seduzindo o Ivan com ouro.
- Não, eu ser muito honesto e purificado, minha tribo ser meu metal amarelo...
- Chefe é que saber...nós amanhã vamos embora com Juju, buscar ouro.
- JUJU??? – grita Ivan – TU? AQUI??? NÃO, NÃO, vai-te embora, tu trazer desgraça a nossa tribo, Disfarçada vir e incendiar a aldeia e saber que estás aqui, SAI DAQUI JUJU! VAI-TE EMBORA!
- Chiu ! – dizem todos.
Conseguiram calar o Ivan, mas já era tarde, a Disfarçada já sabia que a Juju estava aqui. Uivos de coiotes ecoam pela região, e o galopar do Bando Disfarçado, fez-se sentir.
- Evacua a aldeia Papa Azeitona, tira o teu povo daqui, senão morrem todos!! – diz Bruno, muito agitado.
- Tu! – diz Ivan a um índio que estava a passar – TOCA O ALARME!
- Não devia ter vindo – diz Juju – mais valia ter ido pedir ajuda a bêbados.
O Alarme começa a tocar, um índio começa a bater nos tambores, as pessoas começam a sair dos tipis, Serafim, vai a correr ao tipi onde estava o seu filho, Martim, ferrado a dormir, e leva-o dali. O Bruno vai ter com o Ivan e pergunta:
- Para onde vamos?
- O Meu povo fugir pelos tunéis das irmãs toupeiras...vocês ficar aqui, é vocês que a Disfarçada quer.
- Papa Azeitona, leva-nos contigo...por favor – implora Bruno.
Ivan hesita, mas vê o Bando da Disfarçada a chegar e diz misericordioso:
- Está bem, mas DESPACHEM-SE!
Entraram todos por um alçapão que lá estava, e fecharam-se nos túneis, mas infelizmente, ficaram quase todos os índios para trás...pois pensaram que era um exercício, e morreram, esquartejados pelo o Bando Disfarçado. Foi cruel, mas a ganância pelo o ouro, faz estas coisas feias. Queimaram a aldeia e foram-se embora...em busca da Juju, que se escondeu também nos túneis, mas simulou que fugiu dali. E a Disfarçada, apesar de muito inteligência, estava cega pelo metal amarelo, e tótó, foi atrás da simulação feita pela Juju.

Dia Seguinte, ruínas da Tribo Embaló, 6:30
Saem dos túneis, uns a chorar outros a cantar. Ivan Embaló está de rastos...e quando vê a Juju, a tocar guitarra e a cantar alegre, ignorando a morte dos índios, passa-se e vai-lhe à tromba. Só não a matou porque por acaso tinha comida no forno e para não a queimar interrompeu a porrada.
- Bom, e agora? – pergunta Bruno ao ar.
- Olhem, eu vou atrás do tesouro, mas não levo o meu míudo connosco. – diz Serafim
- Para onde o vais por? – pergunta Bruno
- A Dallas City, onde está a sacana da mãe dele.
- Eu posso leva-lo lá... – diz o homem sem nome.
- Fazias isso por mim? – pergunta Serafim
- Sim, claro, e para mais, tenho a minha amada lá.
- Então vá, leva o puto do Serafim, Manel – diz Bruno.
- Obrigado – diz Serafim entregando a criança ao agora Manel.
- Quando vires a tua mãe dá-lhe um chapadão por mim, e diz-lhe que fui eu, que assim não ficas de castigo, e ignora tudo o que o sacana do chinês disser...isto se ela não estiver com outro. – diz Serafim abraçando a criança. – agora vai, vai e não olhes para trás, para não tropeçares no caminho. Nunca mais venhas para esta região, eu depois irei ter contigo meu filho.
- Adeus Vicente – diz Bruno ao agora Vicente.
- Adeus...
E o homem sem nome e o Martim abalam daquele lugar...
- Ele não se chamava Manel ou Zé?
- Não... – diz Bruno – ele não tem nome, chama-lhe o que quiseres, desde que não seja “sem nome”, esse foi o erro do Duarte.
- O que lhe aconteceu? – pergunta Serafim.
- Ficou com um ponto fraco na orelha direita, criado pelo Carlos.
- Quem é o Carlos?
- O que levou o teu míudo...
- Então não se chamava sem nome?
- Não, ele não tem nome, por isso chama-lhe tudo menos sem nome...ok? percebes-te?
- Sim, não estava atento, desculpa...
- Eu perdou-te. Bom, Juju, e agora? – pergunta Bruno, não sabendo o que fazer.
- Agora, vamos buscar o tesouro...
- Sim isso já percebemos, mas vamos para onde?
- Vamos naquela direcção – diz Juju apontando para Noroeste.
- Então ala que já se faz tarde.
- Déja vu! – diz Serafim.
- O quê? – pergunta Bruno.
- Nada...
Estão para partir, começam agarrar nas suas coisas, até que Ivan Embaló aparece:
- Hau! – diz Ivan
- Hau grande Papa Azeitona. – diz Bruno
- O meu povo partir para terras longe daqui...longe da Disfarçada...
- Então e tu? – pergunta Serafim.
- Eu poder ir com vocês?
- Sim... – diz Serafim.
- Sim... – diz Bruno.
- Não... – diz Juju.
- Bom, dois sims um não, podes vir – diz Serafim.
- Pois mas o tesouro é meu! – diz Juju mostrando que detém o poder.
- Vá lá Juju, porque estás assim? – questiona Serafim
- Porque ele deu-me tareia.
- Isso é passado – diz Bruno.
- Mas eu é que estou marcada – diz Juju apontando para as suas gigantes feridas.
- Oh, é só um arranhãozito ou dois – diz Serafim minimizando os estragos.
- Nem se vê – diz Bruno aldrabão.
- Ele só vai se pedir desculpa – diz Juju.
- Eu pedir desculpa a ti – diz Ivan.
- Estás perdoado.
- Agora abraço – diz Bruno sacana – vamos lá!
Hesitam os dois, até que o Serafim, também sacana dá, enquanto se ri, um empurrão ao Ivan, que cai nos braços da Juju.
- Bom, tens é de mudar o sotaque e as tuas vestes – diz Bruno – isto é...se queres passar despercebido.
- Eu conseguir, a partir de agora, Grande Chefe chamar-se só Ivan e falar como vocês.
- Prova-o – diz Serafim desafiador.
- Olá, desejaria verificar se tenho um punho esquerdo forte? – pergunta Ivan a Serafim.
- Demasiado culto...mas enfim...agora as tuas vestes.
Vestem o Ivan de cowboy, e dão-lhe uma nova profissão, arrumador de cavalos, para se alguém perguntar.
- Então e agora? – pergunta Bruno a Juju.
- Precisamos de mantimentos – diz Juju.
- Podiamos ir a Chesterfield City. – diz Serafim.
- Muito arriscado, e aliás, eu sou procurada em toda a região. – diz Juju.
- Porquê? – pergunta Serafim.
- Enquanto estive “fora”, cometi uns crimes menores – diz Juju – de pouca importância – diz aldrabona. Foram na realidade muito graves.
- Estou a ver, então vamos nós os três lá, e tu escondes-te na gruta onde eu e o Duarte estivemos à uns dias atrás. – diz Serafim.
- Ok, então até logo... – diz Juju.
Metem-se a caminho de Chesterfield City, mas como antes, pararam numa tascazita para petiscar qualquer coisa, e claro, na palheta, só chegaram à cidade por volta das 11 da noite.


Chesterfield City, 23:20
A Cidade está super movimentada. O que significa cuidado especial, mas assim que lá chegaram, Bruno foi para um sitio e Ivan e Serafim para outro. O Bruno, mulherengo de coração, foi ao bordel e o Ivan teimava que queria experimentar entrar num Saloon. Em vez de limitarem-se a comprar mantimentos, tinham de ir para a borga outra vez:
- Ivan, antes de entrares no Saloon, tens de meter uma coisa na cabeça – diz Serafim muito sério.
- O que é? – pergunta Ivan, que só queria era dançar.
- Tu és preto, e os americanos são racistas, portanto cuidado, ok? Se houver problemas, eu digo que és meu escravo, só para não seres assassinado.
- Ok, podemos ir então? – pergunta Ivan, que não ouviu nada do que saiu da boca do Serafim
Estão em frente ao Saloon, já ouvem a música e os gritos de festa, foguetes são lançados, Ivan tem os olhos a brilhar. Avançam e entram lá para dentro.
Está totalmente lotado. Pessoas em todo o lado, em cima das mesas, em cima do bar, aos tiros, aos gritos, a jogar cartas, a cantar, a dançar. No palco, três mulheres estão a dançar, e um homem está a tocar piano, de chapéu na tola, camisinha e lacinho, e cigarro na boca:
- Agora cuidado, esta gente não é de confiança – diz Serafim que olha para o lado, onde supostamente estaria o Ivan, mas já não estava, estava agora no meio das meninas do palco, a dançar. Bufa e vai ao bar:
- Era um licor beirão.
- Tome – diz a barman, que por acaso era a Filipa, mas Serafim não reparou.
Serafim bebe um golito, olha para o Ivan a rir, e desvia o olhar para o pianista, e cospe o que acabou de beber:
- Não acredito – diz chocado.
- Não está bom? – pergunta Filipa – é da minha Adega...
- Não é isso... – Serafim foca o olhar no pianista e avança na direcção do palco, atropelando umas pessoas:
- É mesmo ele... – diz ainda olhando para o pianista, que era nada mais que, Duarte, sim, ressuscitado, de bigode feitinho e cara lavada. Decide olhar para o Ivan, que está entertido a dançar com as moças, até que vê outra cara conhecida, a Mariana, que estava a servir bebidas aos saloios do sítio. Vai ter com ela:
- Mariana? – diz agarrando-lhe no braço.
Ela olha e diz:
- Desculpa Serafim, SOCORRO!! ELE QUER-ME ROUBAR!!
- Ah? – Serafim fica a toa.
A música pára. Ficam todos especados a olhar para Serafim. Duarte levanta-se do banquito do piano e grita, atirando uma corda para cima do Serafim:
- ENFORQUEM-NO!
- YEAAH! – diz a multidão feliz.
Uns homens grandes e largos agarram nele e levam-no para fora do Saloon, seguidos de uma grande multidão.
- ENFORQUEM-NO NO VELHO CARVALHO! – grita Duarte, que vai no meio da multidão.
Ivan, que ia lá atrás, tenta passar pelas pessoas, para salvar a vida do Serafim. De repente a multidão pára. Chegaram ao velho carvalho:
- Últimas palavras? – pergunta o Xerife ao Serafim.
- Estou inocente!! ESTOU INOCENTE!
A Plateia começa-se a rir:
- PAREM! – grita Ivan, que consegue chegar lá à frente. Ficam todos calados para ouvir o arrumador de cavalos. Ivan fica nervoso, e a diz a primeira coisa que lhe vem à cabeça:
- Ele é o meu senhor, eu sou seu escravo!
As pessoas ficam chocadas e começam aos gritos e atirar com tomates à cara do Serafim:
- CRIMINOSO! NÃO RESPEITA OS DIREITOS DAS PESSOAS! ENFORCA QUE É RACISTA!
Ivan fica a toa, “se calhar não devia ter dito isto”.
Duarte avança e mete a corda à volta do pescoço do Serafim, pendura a corda num tronco do carvalho, e voilá, aurevoir Serafim. A multidão aplaude eufórica, acalma-se e vai-se embora. No Bordel, que era ao lado do velho carvalho, uma janela abre-se, e de lá sai para fora a cabecinha do Bruno que grita:
- JERÓNIMO!!
Ivan deita uma lágrima e vira as costas, para voltar à borga.
Serafim está agora, morto, no velho carvalho. Ou talvez não. Pois por artes mágicas, alguém prendeu a corda a um cabide, que foi colocado habilmente nas costas de Serafim, que simulou a sua morte, mas afinal não. Serafim solta-se, e vai ao Bordel.
No saloon, está tudo na boa vida, a festejar e tal, quando a porta abre-se, e entra lá para dentro, o Serafim, com uma caçadeira na mão, e o Bruno, com um revólver que roubou a um bêbado lá fora.
A música pára outra vez. Olham todos para o Serafim, e Ivan diz feliz:
- ESTÁS VIVO!
Serafim, irritado com Duarte que o enforcou, dá um balazio ao seu piano.
Olham todos para Duarte, como quem diz “Serafim, estás tramado”, que fulo com a vida, cara vermelha e lágrimas nos olhos grita:
- BANZAI!!!
Vai a correr na direcção do Serafim, dá-lhe um soco, e começa uma pancadaria geral no Saloon. Bruno pousa o revólver no chão, e vai com as dançarinas para os quartos lá de cima.
No meio da confusão aparece Juju, que pergunta ao Ivan:
- Então?
- Então o quê?
- Tanto tempo?
- Estamos ocupados – diz Ivan dando um pontapé a um que estava prestes a sacar da pistola.
- O Bruno e o Serafim?
- O Bruno desapareceu... – faz uma pausa, para dar com a cadeira na cara de um sujeito, e depois prossegue – e o Serafim, está a pancada com o pianista.
- Vamos embora daqui, a Disfarçada mais o seu Bando, vêem a caminho... – diz Juju preocupada.
- SERAFIM! DISFARÇADA VEM AI! – grita Ivan ao Serafim, que estava ao pé do palco.
- OK! Adeus Duarte – diz Serafim dando um soco no Duarte e abalando.
- O BRUNO? – grita Serafim pisando umas cabeças.
- NÃO SEI! – diz Ivan já saindo do Saloon.
Continua a pancadaria no Saloon, e Filipa, que tinha sacado da máquina fotográfica, pôs-se a tirar fotografias.

Chesterfield City, Saloon, dia 8 de Julho, 07:40
Montes de pessoas estão deitadas no chão, umas a dormir, outras a chorar, outras a cantar, outras a fumar. Sangue está espalhado por todo o lado. Suavemente, entra a Disfarçada pelo Saloon a dentro, um passo de cada vez, dando pontapés aos que por acaso estão no seu caminho:
- Queres beber alguma coisa Disfarçada? – pergunta Filipa.
- Sim, gin tónico, o que é que aconteceu aqui? – pergunta a Disfarçada.
- O Serafim apareceu, com o Ivan e a Juju.
- E não os paras-te?
- Porque haveria de o fazer? Não trabalho para ti.
- Pois, tens razão, o Duarte?
- Ali, ao pé do piano... – diz apontando para o palco.
Duarte estava todo negro e vermelho, a sangrar e com um saco de gelo na tola:
- Então? O que aconteceu?
- Epá, cai do palco, enquanto tocava piano... – diz Duarte mentiroso.
- Foi o Serafim, deu-lhe esse enxerto. – diz Mariana
- Malandro – diz a Disfarçada.
- É mentira... deu-me um soco ou outro, nada de especial.
- Pois...
- Eu dei-lhe mais! – diz Duarte mentiroso.
De repente ouve-se uma porta a bater.
- Quem é que está cá?
- O Bruno – diz Mariana olhando para o quarto.
- Então, quando ele descer, não o deixem sair, quero falar com ele, vou à casa de banho.
Passado um bocado, Bruno abre a porta e sai do quarto:
- Foi um prazer meninas...
- Aurevoir monseiur Bruno! – dizem as dançarinas a rir.
- Aurevoir, mas voltarei... – diz Bruno atiradiço descendo as escadas. Olha para o Duarte, para a Mariana, e a para a Disfarçada que já tinha vindo do W.C.
- Duarte? Estás vivo?
- Sim...
- Desce Bruno, quero falar contigo – diz a Disfarçada.
- Claro...adeus – diz Bruno virando as costas e começando a correr, entrando no quarto.
- APANHEM-NO! – grita a Disfarçada ao seu bando, que vai atrás dele.
- OLÁ MENINAS! – grita Bruno, meio agitado.
- Monseiur Bruno! Aqui outra vez! – dizem sorridentes.
- Aurevoir madmoiselles, foi um prazer! – diz abrindo a janela do quarto. A porta do quarto abre-se e um dos homens da Disfarçada grita: - AGARREM-NO!
Bruno salta, e cai lá para baixo, ficando inconsciente.



Prisão do Xerife, Chesterfield City, dia 8 de Julho, 15:54
Bruno está atrás das grades. Duarte está sentado numa cadeirinha do outro lado, a assobiar:
- Então agora és Xerife? – pergunta Bruno, que tinha acabado de acordar.
- Não...sou pianista... – diz Duarte, que parou de assobiar.
- Porque é que estou preso? – pergunta Bruno.
- Porque a cidade pertence à Disfarçada...e ela quer falar contigo, vou avisar que já acordas-te... – Duarte levanta-se e vai ao seu telégrafo, e telegrafa para a Disfarçada.
- Então e...encontras-te-a? – pergunta Duarte.
- Não...infelizmente não... – responde Bruno.
- É pena...
- Pois...
Momento de silêncio:
- Deves estar mortinho para saber o que se está a passar, não? – pergunta Duarte.
- Sim estou! – responde Bruno.
- Vais perceber tudo, não tarda nada...
- Óptimo.
- Óptimo.
- CHEGUEI!! – grita a Disfarçada abrindo a porta, acompanhada por Mariana. – Olá Bruno...estás bom?
- Estou...
- Obrigado por perguntares se eu estava bem...
- De nada...
- Vá Disfarçada, revele-te lá... – diz a Mariana.
- Ok...Bruno...eu, a Disfarçada sou a... – tira o chapéu e o lenço que tapava a sua boca e o nariz... – a Filipa...
- Devias ter vergonha...tudo o que fizes-te – diz Bruno.
- Fiz pelo o que é da Juju...


Continua...

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