terça-feira, 4 de maio de 2010

Cá-a a Boca 34 - A Juju vai para o Oeste




Depois dos acontecimentos de “O Mistério da Juju”

Bruno é empreiteiro, Filipa é telegrafista, Duarte é cangalheiro, Serafim foi abandonado, Rita rouba cavalos, Ivan é o chefe Índio da tribo Embaló e a Juju é pistoleira.

1951, Chesterfield City, Oeste Americano
- Saca da pistola sua canalha! – diz Duarte, de chapéu de cowboy na tola, cigarro na boca e escarra no chão.
- Espera pelo o toque, Old Dog! – diz Rita, em posição de lutador de sumo, prestes a puxar do revólver.
São 11:59. Falta um minuto para a hora do almoço, um minuto para começar o duelo. Estão no meio da rua daquela cidade, frente a frente, no meio do deserto americano, a levar com um Sol ardente. Uma grande multidão observa contente este confronto, “a gente quer é sangue”, pensam eles. Toca o sino da Igreja, hora do duelo, mas também hora do almoço, por isso dão todos meia volta e vão almoçar.

1950, Cartuxa City, Casa do Saudade, Oeste Americano, por volta das 23:40
Depois da vinda de Portugal para os States, Serafim Saudade casou 5 vezes, garanhão, enviuvou 4 vezes, e à quinta, foi abandonado pela mulher, que fugiu com um chinês. Desses casamentos, teve um filho, e isso foi motivo de felicidade. Mas têm sempre na memória o falecimento da detective Mariana, que ninguém sabe quem a matou, excepto a própria assassina:
- Pai conta-me uma história... – diz Martim, o seu filho, que estava enfiadinho e quentinho na cama.
- Falta qualquer coisa – diz Serafim, espalhando os ensinamentos da boa educação.
- Se faz favor – diz Martim a rir-se.
- Ah bom, então, vou-te contar uma história...era uma vez um rei...
- Simm?... – diz contente e entusiasmado.
- Agora conta tu que eu já contei, ahaha – diz Serafim gozão.
- Ó pai conta lá!
- Está bem, eu conto, então, era uma vez uma rainha...
- Sim, sim? – diz ainda mais entusiasmado.
- Agora conta tu a tua que eu já contei a minha... – diz outra vez gozão.
- Fogo pai, és mau!
- Mau? Eu? Não, não, eu não sou mau, sou bera!
- Ó pai vá-lá! – implora Martim.
- Está bem, eu vou-me embora, vou dormir, e tu também, vá que até te contei duas histórias...
- Ó pai, não é justo, eu...
- BAIXA-TE! – grita Serafim que agarra na sua criança e atira-o para o chão, atirando-se logo de seguida.
Os vidros partiram-se, e os móveis também, porque um engraçadinho está lá fora a disparar balas de uma metralhadora. Quando as munições acabaram, atirou um archote para cima da cama, que começou a arder. Serafim, protector, agarrou na sua criação e levou-a para fora dali, para fora da casa.
Chegou lá fora, e a sua casa ardia imensamente, porque um bando de desperados atiravam archotes para cima da mesma, “malandros” dizia o Serafim.
A Casa desapareceu nas cinzas num instante, numa questão de segundos, pois era de madeira e os archotes eram de última geração. Uma pessoa encapuçada, em cima de um cavalo preto, aproxima-se de Serafim:
- Quem és tu? – questiona zangado Serafim.
- Eu sou a líder do Bando Disfarçado, e sim, sou a Disfarçada – disse ela com sotaque francês
- E o que é que tu queres disfarçada? – pergunta Serafim.
A Disfarçada vai para responder, mas é interrompida por um disparo de uma caçadeira:
- SERAFIM!! AGARRA NO PUTO E FOGE!! – grita Duarte, que aparece da escuridão num monte ali ao pé, rodeado de dois homens sem importância, os seus trabalhadores.
- TU! – diz a auto-intitulada de Disfarçada.
- EU! – diz Duarte aos berros – Afasta-te deles Disfarçada, sai daqui, volta para o buraco de onde sais-te, ou faço-te um caixão muito bonito...
- Porque haveria de querer um caixão?
- Porque eu vou matar-te, se não te puseres a andar! – diz ameaçador, enquanto Serafim fica ali parado a ver a conversa – e não te preocupes, os meus artigos são feitos para durar...
Momentos breves de tensão, mas terminados por Duarte que dispara para o ar:
- ENTÃO?? DESAPARECES OU NÃO?
- Está bem... – diz Disfarçada mascando tabaco -...eu vou-me embora, mas levo o puto comigo – diz dando um coice no Saudade e agarrando no seu filho – diz-me onde está a Juju se queres o teu filho!
- NÃO! – grita Duarte disparando para os desperados, matando alguns, que fugiram dali.
Serafim ficou ao pé da casa destruída, chorando e chorando, mas Duarte, amigo que ele não conhecia foi ter com ele:
- Porque não fugis-te logo? – pergunta, olhando para o horizonte, mas não via nada, porque estava escuro...
- Eu...eu...
- Deixa lá. Eu consolo-te amigo...

02:20 da Manhã, Saloon de Cartuxa City
A Casita do Serafim ficava afastada da civilização, porque ele era o abandonado. Duarte, simpático, levou o Serafim à bebida, que faz bem, nestes momentos tristes:
- Bebe Saudade, bebe tudo a que tens direito, amanhã vamos em busca do teu filho... – diz Duarte, com um cigarro na boca – onde está a Juju? Talvez ela pode ajudar-nos...
Serafim estava bêbado, bebia para matar a mágoa, e Duarte, amigão, incentivava:
- Eu não faço a mínima ideia de onde está a Juju...
- A sério? Então a disfarçada raptou o míudo para nada, mas não te preocupes, vamos encontrá-lo!
- Porque é que me queres ajudar? Não te conheço de lado nenhum...
- Serafim, a disfarçada fez o mesmo comigo à 4 anos atrás, quando vieste de Portugal para a Cartuxa, ela levou-me o filho...
- Porquê?
- Porque recusei-me a entregar-lhe o paradeiro da Juju...e eu fui atrás dela, e a sacana largou-o no Mississipi – diz começando a chorar – e eu atirei-me para lá, tudo pelo o meu míudo, mas quando apareceram os crocodilos, eu deixei-o cair na cascata, e sai de lá, para sobreviver, estou tão arrependido! – termina em lágrimas.
Serafim bêbe litros de whiskey, enquanto Duarte chora, depois recompôem-se e diz:
- Fui um péssimo pai, mas não vou deixar que faças o mesmo! Vou ajudar-te a salvar o teu filho!
- ENTÃO VAMOS! –grita Serafim, mais para lá do que para cá.
- Não...tu agora vais dormir, mas amanhã vamos...

06:30, Pocilga do Serafim
Serafim está ferrado a dormir, no meio dos seus porcos, fede até dizer chega. Duarte está a observa-lo, com um sorriso na cara, tem um balde cheio de água nas mãos, e cigarro na boca, claro. Atira a água e o balde para cima do Serafim e grita:
- ACORDA!!
Serafim acorda e dá-lhe um tiro no tronco. O Duarte não caiu, não morreu e nem ficou ferido, porque é imortal! Não, é porque foi prevenido, e pôs uma armadura debaixo do sobretudo que ele leva vestido:
- Vai tomar banho seu porco, cheiras mal...
- Estás a falar comigo? – diz Serafim rabugento, apontando a pistola à cabeça dele.
- Alguma vez? Estava a falar com o porco.
- Ah bom...
- Vá, toma banho para irmos em busca da Disfarçada e do seu bando...eu vou ao correio, depois vai lá ter.
- Ok... – diz Serafim mais calmo e obediente.
Serafim lavou-se e foi ter com o Duarte ao Correio:
- Estava a ver que nunca mais chegavas! – disse Duarte.
- Isso também é para enviar? – pergunta Filipa, a telegrafista.
- Não, claro que não, diga-me lá onde estávamos...
- Em “e estarei ai daqui a 6 meses, como combinado”.
- Ah, “Duarte Fernão”
- É só?
- Querias mais não era?
- Sim, queria...
- Pois mas não, eu sei que recebias mais dinheiro, quanto é?
- 560 dólares...
- Chama-se a isso roubar mas enfim...ah, Serafim, já conheces a telegrafista?
- Claro, ela era Presidente da nossa aldeia em Portugal...
- Que giro, tu nunca me contas-te isso Filipa... – diz Duarte coscuvelheiro.
- Ora, nunca perguntas-te – diz Filipa a sorrir falsificadamente.
- Pois, também é verdade, bom, goodbye Filipa, anda Serafim, Ala, que já se faz tarde!
Metem-se a caminho em cima de cavalos, e abalam de Cartuxa City. Partem em busca do jovem Martim, filho do Serafim, refém da Disfarça... Pela longa caminhada, encontram deseperados, muitos até, bandidos e coisas desse género, dando-lhes sempre porrada, apesar de não serem quem procuravam. Perto de Texas, sentam-se e observam a uma fuga de paralíticos, de uma prisão Texana Chinesa, comendo pipocas. Mais à frente, no meio do deserto, com um calor insuportável, meteram-se numa gruta, que estava mais fresquinha, e tentaram conviver com o urso que lá habitava, mas ele gostava as coisas de uma forma, e eles de outra, e isso resultou na morte do bicho.
Era noite. Agora estava frio, mas como estavam perto de uma fogueira acesa, estavam meio quentinhos. Um vulto apareceu, para tentar roubar os cavalos, e esse vulto, era nada mais, nada menos que, Rita Não Marques, a infame ladroa de cavalos. Malandra. Mas Bruno, que vinha a segui-los desde de Texas, preveniu aquela situação, e deu um tiro no chão que estava ao pé da Rita, sujando-lhe da roupa, e acordando os dois dorminhocos e o urso que estava morto:
- Rita? És mesmo tu? – pergunta Serafim.
- Sim sou eu! – diz Rita encostada à parede da gruta, enquanto o Bruno lhe apontava uma caçadeira.
- Ah ok, podias não ser – diz Serafim.
- Ela tentou roubar-vos os cavalos – diz Bruno.
- Malandra – diz Duarte, sacando da faca de cortar a manteiga, assustando a Rita – não te assustes, vou colocar manteiga no pão.
- E quem és tu? – questiona Serafim ao Bruno.
- Eu sou o Bruno Teixeira, o Empreiteiro de Texas, e vim atrás de vocês.
- Porquê? – pergunta Serafim.
De seguida, Duarte dá um tiro para cima do pé da Rita, que tentava fugir no meio daquela situação:
- Oh, desculpa – diz gozão.
- Porquê? – insiste o Serafim.
- Porque...ouvi uma conversa muito interessante...
- Que conversa? – pergunta Serafim.
- Entre a Disfarçada e a Rita...
Rita engasga-se.
- Hum...então vá, desembucha! DESEMBUCHA!!!
- Acalma-te Serafim – diz Duarte, de braços no ar.
- Bom, eu... – Bruno leva um tiro e cai no chão, disparado pela a Rita, que fugiu, cobarde.
- Estás bem? – pergunta Serafim preocupado.
- Estou, atirei-me para o chão para criar um dramazito...o Duarte preveniu-me...
- Como? De onde o conheces? – pergunta Serafim ao Duarte.
- Sabes Serafim, eu sou um homem cheio de conhecimentos, e não me lançava para o deserto numa grande cruzada sem o meu fiel trabalhador, Bruno, que se infiltrou no grupo da Disfarçada desde que o meu filho fez puff, e eu mandei-lhe um telegrama, no dia em que partimos, para nos ir dizendo o seu paradeiro e do Bando Disfarçado, por sinais de fumo, código morsa, e claro, migalhas no chão. E ele veio ter comigo, no dia em que observamos a fuga dos paralíticos, quando comeste a pipoca envenenada e foste para o W.C. e falou-me da conversa...contou-me tudo, e eu elaborei então um plano, pensado por moi que sou um génio, não é querer-me gabar... – termina Duarte, que pôe um cigarro na boca.
- E como é que ele foi aceite pela Disfarçada?
- Bom, ele contaria-te, mas o coitado sofre de amnésia, eu enviei-o para a Disfarçada, oferecendo os seus serviços de empreitar, e ela aceitou, tola. Ela pediu-lhe, quando a Rita chegou lá para tomar chá, para por salsa nos ouvidos, para conversarem sobre coisas privadas, só que ele pôs salsa falsa. Ouviu tudo! E parece que andam em busca da Juju, e que a querem matar, depois de descobrirem o tesouro.
- Coitada da Juju – diz Serafim
- Pois...tadinha...- diz Bruno
- Mas espera ai! Como é que tu conheces a Juju?
- Bom, eu sabia que ias perguntar isso um dia, mas bom, a Juju, ela, é...minha irmã...
Momento de chorque.
- O QUÊ? – perguntam Bruno e Duarte.
- Sim, é triste e pobrezinho, mas infelizmente verdade. O meu pai, Fernão Grande, num dia em que estava bêbado, meteu-se com a Mãe da Juju, a Vestalau Sahêmé, e ela nasceu, mas isso não importa.
Momento de Silêncio. Bruno e Serafim, olham um para o outro, e desmancham-se a rir.
- Então e....porque andam atrás da Juju? – pergunta o Serafim, no meio de lágrimas de riso.
- Tu não te lembras? Andam atrás do seu tesouro. E há mais uma coisa, a Rita está envolvida naquele caso da “simulação de morte” da Juju, e mais, é provável que tenha sido ela a matar a Mariana.
- Também conheces-te a Mariana? – pergunta Serafim, agora mais sério.
- Sim, no Avante, mas isso não importa. Ah, e descobrimos o teu filho!
- ONDE??? ONDE É QUE ELE ESTÁ?
- Está com a tribo dos Embaló. Já preparei tudo na minha mente, tu vais lá com o Bruno, que sabe como falar com eles, e é de confiança, enquanto eu vou a Chesterfield City, onde se encontra a Disfarçada e a Rita...E é aqui que os nossos caminhos se separam...
- Porquê? – diz Serafim, triste e confuso.
- Porque tu andas em busca do teu filho, eu quero matar a Disfarçada e a Rita...
- Porquê? – pergunta Bruno.
- A Disfarçada, porque matou o meu filho, e a Rita, por outras razões.
- Bom, então, nós vamos...boa sorte, Duarte! – diz Serafim, agarrando nas suas coisas.
- Obrigado, mas eu não preciso, não é querer-me gabar, eu sobrevivo, afinal de contas, sou o Cangalheiro de Cartuxa City, o Homem que mata para lucrar! – diz Duarte – boa sorte Bruno, espero que encontres o que procuras...adeus meus amigos, foi um prazer, talvez nos encontremos outra vez!
- Adeus!
- Adeus!
O Sol está a nascer, e Duarte, sai da gruta de madrugada, em direcção à vingança...
- O que é que tu procuras? – pergunta Serafim
- A morte... – diz Bruno, muito sério.
- És suicida? – pergunta Serafim assustado.
- Não...tenho uma paixoneta por ela.
Entretanto, a grande cruzada de Serafim e Duarte, desde Cartuxa City até à gruta perto de Chesterfiel City demorou um ano.

1951, Chesterfield City, 09:30 da manhã
Duarte dá um passo de cada vez. Está todo transpirado, tem a barba por fazer, tem a roupa suja, tem um cigarro na boca, tem na mão uma caçadeira. As pessoas param o seu quotidiano para observar a chegada deste forasteiro, o que só significava uma coisa, sangue. O Xerife Coiso, armado em valentão e patrão, foi ter com o Duarte e disse:
- O senhor não leu o cartaz?
- Não sei ler... – diz Duarte, com chocolate em pó nos dentes, para parecer outra coisa...
- Não sabe ler? Parece-me que está a mentir.
Duarte ignora e continua a andar.
- Pois amigo – diz o Xerife – não é permitido o uso de armas dentro da minha cidade, vou pedir que as entregue...
Duarte tinha a caçadeira na mão, mas também estava todo armado pelo o resto do corpo, era pistolas, granadas, facas, bazucas, por isso é que dava um passo de cada vez, de tão carregado que estava.
- Então peça – diz gozão.
- Dê-me as suas armas – diz o Xerife valentão.
O Xerife cai morto no chão, levou uma facada do Duarte. Um velho de cadeira de rodas, que observou aquela cena, disse, armado em justiceiro:
- MATOU O XERIFE! VAMOS ENFORCA-LO!
Duarte apontou-lhe a bazuca, e disse:
- Come e cala-te! – carregando no gatilho.
Chegou ao saloon. Largou a bazuca, porque já não tinha balas para a carregar.
Entrou e gritou:
- RITA! RITA NÃO MARQUEES! Aparecee, ou a gente te esquecee...
- Estou aqui... – diz Rita, corajosa, levantando-se da mesa, onde estava a jogar poker com a Disfarçada e o seu bando.
- Rita...eu quero a minha vingança... o que tu fizes-te não se faz...
- E o que queres fazer então?
- A barba, já está a incomodar, mas depois, quero um duelo, tu e eu, ao calor do Sol, ao som do vento...nós os dois...o que dizes?
- Não podia ser antes uma roleta russa?
- Não que tu és batoteira...
- Então... – Rita olha para a Disfarçada que diz:
- Eu protego-te...
- ENTÃO? – berra Duarte impaciente.
- Vamos, às 12:00 meu camelo, e vais aprender a ficar de boca calada...
- Muito bem, encontramo-nos às 11:55, ali na rua, para existir um clima de insultos e tensão...


1951, Chesterfield City, Rua Principal, dia 5 de Julho
- Saca da pistola sua canalha! – diz Duarte, de chapéu de cowboy na tola, cigarro na boca e escarra no chão.
- Espera pelo o toque, Old Dog! – diz Rita, em posição de lutador de sumo, prestes a puxar do revólver.
São 11:59. Falta um minuto para a hora do almoço, um minuto para começar o duelo. Estão no meio da rua daquela cidade, frente a frente, no meio do deserto americano, a levar com um Sol ardente. Uma grande multidão observa contente este confronto, “a gente quer é sangue”, pensam eles. Toca o sino da Igreja, hora do duelo, mas também hora do almoço, por isso dão todos meia volta e vão almoçar.
- HEI! ERA AO MEIO-DIA! – grita Rita.
- TENHO LÁ CULPA! EU QUERO-ME VINGAR, MAS ALMOÇO É ALMOÇO!
- CANALHA VAIS MORRER! – grita Rita, que saca lentamente da pistola, Duarte olha-lhe nos olhos, um olhar frio, que aprendeu com uma pessoa à alguns anos atrás...Rita assusta-se, mas saca da pistola à mesma, vai para disparar...mas morre porque o Duarte já tinha a pistola sacada há muito tempo. Rita cai no chão lentamente, o público que ainda não tinha ido almoçar aplaude e abala.
Mas de repente, como estava destinado, o Duarte leva um tiro na orelha direita...que veio do cimo da Igreja do sítio, e cai no chão de joelhos. Foi a Disfarçada, que observou o combate, e de seguida, desce aos pulos até ao Duarte, a cantar o “Estrala a Bomba”. Pára à frente dele e diz:
- Desculpa...
- Eu queria te matar a seguir...matas-te o meu filho...
- Não fiz isso, ele está são e salvo, na tribo dos Embaló...
- Está?
- Está...mas agora ouve com atenção, eu tenho o antídoto, que te pode salvar, diz-me onde está a Juju, e vives, não me dizes onde ela está, morres...
- Então adeus... – diz Duarte que se deita no chão...
- Não! – grita Disfarçada – peço-te, diz-me onde ela está...
- Só se prometeres deixar o Serafim e o Bruno em paz, e o Martim também...
- Eu prometo...
- A Juju...- Duarte olha para os olhos da Disfarçada, que tinha um lenço a tapar-lhe a boca e o nariz... – tu... – e morre.

Tribo dos Embaló, dia 5 de julho
Vêem ao longe tipis, as tendas dos índios, e avançam na sua direcção. São travados por montes de índios, que apontam-lhes lanças e setas. Um grande homem aparece, robusto, forte, poderoso, valente, sim, o chefe dos índios, Papa Azeitona.
- HAU! – diz Ivan
- Está tudo bem, caro senhor, aleijou-se? – pergunta Serafim, preocupado e simpático.
- Chiu, eu falo – diz Bruno – HAU! Saudações Grande Chefe Papa Azeitona!
- Hau! Cara-pálida de nariz grande.
- Grande chefe perdoar ignorância de Cara-pálida Serafim.
- Ignorância perdoada e ignorada.
- Obrigado, Grande Chefe.
- O que fazer cara-pálida em terra dos Embaló?
- Grande Chefe vai perdoar invasão de caras-pálidas, mas nós vir em paz, e estarmos em busca de papoose de cara-pálida Serafim
- Nós perdoar invasão, mas nós não saber nada de papoose de cara-pálida Será o Fim.
- Mas... – diz Serafim, que começa a ficar agitado.
- Deixa que eu trato disto – diz Bruno.
- EU FALO! – grita Serafim, muito irritado – EU QUERO O MEU FILHO! DÊEM-ME O MEU FILHO! – puxa da navalha e agarra no chefe Ivan – DÁ-ME O MEU FILHO!
- Larga-o! – grita Bruno enquanto separa-os.
- Grande Chefe estar intimidado – diz Ivan com medo – nós depois de grande reflexão, decidir que afinal ter papoose, e nós devolver papoose, mas tu dar água-de-fogo!
- Água-de-fogo? – pergunta Serafim ao Bruno.
- Whiskey, eles são viciados, nós concordar grande Chefe.
- Tu, Rato Malhado, trazer papoose Martini aqui, eu, como grande Sachem da Tribo, propor fumar cachimbo da paz, e oferecer pemmican a vocês.
- Nós concordar, Serafim, vai buscar whiskey.
Aparece então, no meio da festa,Martim, e ambos, pai e filho, vêem-se e vão correr, felizes da vida, um para o outro, e abraçam-se como se não se vissem à um ano...e não viam...
Anoitece, e de longe, observa, gloriosamente, no cimo de uma montanha, de sobretudo que era do Duarte vestido, a Disfarçada, acompanhada por dois coiotes domesticados. A Disfarçada, que um dia será revelada.

Continua...

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